terça-feira, 25 de maio de 2010

Na despedida da 80ª Feira do Livro de Lisboa

A Feira do Livro veio e foi embora, antes mesmo de Junho chegar. Realmente a tradição já não o que era...
Admito que sou resistente à mudança em muitas situações e esta é uma delas, mas, para mim, a Feira do Livro coincide com o Dia da Criança e com as Festas de Lisboa, o dia de Sto. António. Cresci a considerar a Feira do Livro como parte do Dia da Criança. Habituei-me a ver as noivas de Sto. António pela rua junto à Estufa Fria, mesmo ali ao lado da Feira do Livro...
Mas não foi só a data que mudou na Feira do Livro. Os pavilhões até são mais bonitos, mas perdeu-se alguma magia com isto do monopólio editorial. A praça Leya pode até ter umas promoções interessantes (leve 4 pague 3), mas assemelha-se a um hipermercado. Em conversa com uma amiga igualmente (ou ainda mais!) apaixonada pelos livros, concluímos que muito se perdeu da magia de ir de pavilhão em pavilhão à espreita dos livros do dia. Agora, além do império Leya, temos ainda outros aspirantes a impérios (Porto Editora, Bertrand...), mas o que tornava as editoras especiais e únicas, com autores específicos, com uma linha editorial determinada (por exemplo, a Caminho era a editora do Saramago e da Alice Vieira, a editora de "Uma Aventura"...), isso tem vindo a desaparecer. A magia está a desaparecer. A Feira está mais triste, na minha perspectiva.
Este ano fui lá duas vezes -uma num sábado, cerca das 18h, cuja manhã tinha sido muito chuvosa e decidiram fechar a Feira às... 18h, mas a essa hora já não chovia mesmo (que dizer dos tempos em que os pavilhões eram muito piores, chovia torrencialmente, e a Feira mantinha-se heroicamente aberta); a segunda vez, fui a uma sexta-feira à tarde, ensolarada e com um calor tremendo, mas com poucos visitantes... parece-me bem que a crise chegou ao bolso dos apaixonados por livros (mesmo com as promoções 12 a 15 euros por livro ainda é muito para grande parte das bolsas)...
Houve ainda mais uma coisa que me deixou triste, a falta de preparação de funcionários no pavilhão da APEL e até nos pavilhões (na APEL não sabiam que a Universidade Nova estava lá representada; num pavilhão de uma editora, ao perguntar por livros do poeta Joaquim Pessoa, perguntaram se não seria Fernando Pessoa... por favor!!!).
Mas enfim, a Feira do Livro, já não é o que era, mas continua no meu coração e nas minhas melhores memórias.
Em nome de uma boa tradição, aqui ficam fotos de uma bonita carrinha que serviu de biblioteca itinerante da Câmara Municipal de Lisboa.

E até para o ano! Que a velha Feira do Livro se revitalize e recupere um pouco da sua magia!

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