domingo, 21 de agosto de 2011

Lisboa, menina e moça


Lisboa, a minha cidade natal, em Agosto vive povoada de turistas, calor e a singular e magnífica luz que a caracteriza, mas os seus bairros são os mesmos, alguns dos quais imortalizados nesta maravilhosa canção popularizada na voz de Carlos do Carmo. Deixo aqui a minha homenagem à minha cidade, que também foi e será fonte de inspiração de poetas e palco das histórias dos mais inspirados criadores das letras, os escritores.

"No castelo, ponho um cotovelo
Em Alfama, descanso o olhar
E assim desfaz-se o novelo
De azul e mar
À ribeira encosto a cabeça
A almofada, na cama do Tejo
Com lençóis bordados à pressa
Na cambraia de um beijo

Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida

No terreiro eu passo por ti
Mas da graça eu vejo-te nua
Quando um pombo te olha, sorri
És mulher da rua
E no bairro mais alto do sonho
Ponho o fado que soube inventar
Aguardente de vida e medronho
Que me faz cantar

Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida

Lisboa no meu amor, deitada
Cidade por minhas mãos despida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida"

Parceria entre José Carlos Ary dos Santos e Paulo de Carvalho

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

"Horizonte" de Fernando Pessoa (in MENSAGEM)















"Ó mar anterior a nós, teus medos

Tinham coral e praias e arvoredos.

Desvendadas a noite e a cerração,

As tormentas passadas e o mistério,

Abria em flor o Longe, e o Sul sidério

'Splendia sobre as naus da iniciação.


Linha severa da longínqua costa -

Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta

Em árvores onde o Longe nada tinha;

Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:

E, no desembarcar, há aves, flores,

Onde era só, de longe a abstracta linha.


O sonho é ver as formas invisíveis

Da distância imprecisa, e, com sensíveis

Movimentos da esp´rança e da vontade,

Buscar na linha fria do horizonte

A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte -

Os beijos merecidos da Verdade."

terça-feira, 14 de junho de 2011

O amigo Fernando, o Pessoa...

imagem in http://eusouempreendedor.wordpress.com/2009/05/04/fernando-pessoa-e-a-sua-relacao-com-a-contabilidade/
"As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido."


Em 13 de Junho de 1888, nasceu Fernando António Nogueira Pessoa, o GRANDE poeta cuja pátria era a língua portuguesa e como a soube honrar!!!!

quinta-feira, 31 de março de 2011

Saudação à Primavera... e à poesia

O Dia Mundial da Poesia coincide, curiosamente, com a chegada da Primavera. O dia 21 de Março passou, mas não quero deixar de o lembrar, para saudar a poesia e dar as boas vindas à Primavera, a estação do renascer, do brotar, da luz, do verde, da esperança.

Assim, aqui deixo um dos incontáveis poemas... que falam de poesia. Este pela pena de Casimiro de Brito.


Do Poema

"O problema não é
meter o mundo no poema; alimentá-lo
de luz, planetas, vegetação. Nem
tão-pouco
enriquecê-lo, ornamentá-lo
com palavras delicadas, abertas
ao amor e à morte, ao sol, ao vício,
aos corpos nus dos amantes —

o problema é torná-lo habitável, indispensável
a quem seja mais pobre, a quem esteja
mais só
do que as palavras
acompanhadas
no poema."

Casimiro de Brito



É a minha saudação à Primavera que, este ano, me parecia tardar em chegar.

segunda-feira, 28 de março de 2011

"Os Maias"- actual como nunca

imagem in http://ab-encontrodepoetas.blogspot.com/2008_04_01_archive.html


De tanto se falar em crise neste país, há uma frase que há já algum tempo não me sai da cabeça - "o país ia alegremente para a bancarrota". É uma frase de "Os Maias"de Eça de Queirós, pela qual passo quase todos os anos, quando lecciono o décimo primeiro ano de Português.
Hoje decidi pegar nessa obra fantástica e eis o que encontrei...

"Os empréstimos em Portugal constituíam hoje uma das fontes de receita, tão regular, tão indispensável, tão sabida como o imposto. A única ocupação mesmo dos ministérios era esta - 'cobrar o imposto' e 'fazer o empréstimo'. E assim se havia de continuar... Carlos não entendia de finanças: mas parecia-lhe que, desse modo, o país ia alegremente para a bancarrota." Cap. VI

Se continuarem a ler, continuarão com a mesma sensação que me assaltou - esta podia ser uma notícia do jornal de hoje! Seria Eça um visionário ou a história repete-se e nós não aprendemos?

Eis como é possível provar que a literatura não é apenas arte... mas a vida ao espelho.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Escola em Movimento - 7 ESCOSemana


Porque a minha escola é mesmo uma Escola em Movimento, aqui fica o convite a todos os que se queiram juntar à nossa ESCOSemana!




sábado, 15 de janeiro de 2011

Como escrever...


Começo o ano de 2011 com uma sugestão de leitura que é afinal um incentivo à escrita. Para miúdos e graúdos, para pais, professores, educadores ou simplesmente curiosos, para quem tem "a cabeça cheia de ideias mas" não sabe "como transformá-las em histórias fantásticas".
Embora assumidamente dirigido às crianças é, quanto a mim, um livro para qualquer tipo de público desde que se esteja interessado na arte de saber contar histórias, porque de facto contar histórias é uma arte!

imagem in http://www.mediabooks.com/catalogo/detalhes_produto.php?id=6239




... E porque a arte de escrever poemas é também um desafio, a minha sugestão estende-se a este "Como Escrever Poemas", da mesma colecção do anterior e dirigido ao mesmo tipo de público. Este é também um convite a que se leiam poemas às crianças, que se lhes apresente a poesia para que dela não fujam mais e lhe reconheçam a beleza que tem.

imagem in http://www.mediabooks.com/catalogo/detalhes_produto.php?id=2829





E por falar em poesia, termino com um poema de Torga que leio sempre aos meus alunos antes de trabalharmos a poesia:

"Não tenhas medo, ouve:
É um poema.
Um misto de oração e de feitiço...
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar,
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza
De que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz.."