Este ano, mais uma vez, eu e uma amiga decidimos tirar uma semana de férias e viajar na altura da Páscoa. É um acordo que fizemos há algum tempo, já que descobrimos que nos entendemos como companheiras de viagem. O destino planeado era Cuba, mas, como tantas vezes acontece aos planos que fazemos, as circunstâncias ou o acaso levaram-nos a Natal, Estado do Rio Grande do Norte, no Brasil.
Na White (“coloured by you” – passo a publicidade, mas gostei bastante deste slogan), atravessámos um oceano, viajámos, durante 7 horas, do hemisfério Norte para o hemisfério Sul e chegámos a terras de Vera Cruz. Para além do calor que sentimos ao sair do avião, o que mais me impressionou foi ouvir a minha própria língua. Pode parecer um comentário despropositado, mas, embora todos saibamos que no Brasil se fala português, depois de uma tão longa viagem, tantos mil quilómetros pelo meio, irmos ao encontro da nossa própria língua emociona, como se, por instantes, estivéssemos mais perto de Pedro Álvares Cabral, reconhecendo o mérito da epopeia portuguesa. O calor e a língua foram os primeiros aspectos que me impressionaram no Brasil, logo complementados pela simpatia do povo brasileiro e pelas paisagens de sonho. Reconheço que fiquei rendida.
Em Natal há miséria, como depressa descobri, mas há também alegria (“pobres, mas felizes”, como nos disse uma empregada de uma loja), um mar quentinho e convidativo, artesanato irresistível e muito forró! É espantoso como aquelas pessoas nascem com ritmo e energia. Mesmo depois de um dia de trabalho, são tomados pela música e é extremamente fácil distinguir os estrangeiros dos brasileiros, já que estes últimos têm música e harmonia dentro de si. Às vezes parece que flutuam…
Por lá, sentimo-nos bem vindos. É verdade que nos julgam ricos (comparados com eles, se calhar até somos), mas ricos são eles, aquele país magnífico, com um clima excelente e uma alegria sem fim. Eu diria que os nossos antepassados por lá deixaram a torneira marítima da água quente, as temperaturas agradáveis do termómetro e o lado feliz da alma.
Comigo, além das recordações e das fotografias, trouxe livros, como não podia deixar de ser –uma antologia de Vinicius de Moraes e “O Vendedor de Sonhos” de Augusto Cury -, livros de uma terra de sonhos, em que o sol começa a “cochilar” pelas 17h e às 17.30h se “deita para dormir”. É assim em Natal…
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